O último ano marcou também uma virada de chave na operação da Ambiental. A unidade, que antes se voltava para a gestão dos resíduos da própria JBS, expande desde 2023 seu alcance de mercado a partir de projetos de economia circular e transformação de resíduos plásticos em novos materiais e produtos.
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Em entrevista exclusiva à EXAME, a diretora da Ambiental, Thuany Taves, explica que a empresa espera desenvolver mais soluções para materiais de difícil reciclagem a partir de pesquisa e desenvolvimento. “Além da reciclagem, o objetivo é poder utilizar as matérias-primas em produtos sustentáveis de alta performance e qualidade”, conta.
Segundo a executiva, uma das aplicações mais inovadoras encontradas pelos pesquisadores da Ambiental foi o “piso verde”, tecnologia para revestimento de ambientes externos feita a partir do plástico, lançada em 2021.
A companhia também desenvolveu uma big bag sustentável, em substituição às sacolas utilizadas no transporte de insumos agrícolas que eram destinadas a aterros sanitários. O produto foi feito em parceria com as companhias Cibra e Infinity.
Big bag da JBS, desenvolvida em parceria com Cibra e Infinity
Parte dessa estratégia se conecta com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010, que define metas para a gestão do lixo produzido por governos, empresas e indivíduos. A pressa das empresas para encontrarem parceiros estratégicos para gerenciar e transformar seus resíduos fez com que mais empresas buscassem a Ambiental para desenvolver soluções personalizadas.
Apesar da expansão, 80% do volume de polímeros reciclados pela Ambiental provém da operação das marcas da JBS, como Friboi, Seara e Swift. Do total reciclado no último ano, 66% foram utilizados em insumos da produção industrial, enquanto outros 34% foram destinados para novos produtos plásticos.
“Com isso, ao transformar o que é resíduo de um ciclo produtivo em matéria-prima para outro, a JBS dá origem a oportunidades de negócios”, explica Taves.
Materiais recicláveis — como papel, vidro e metal — e não recicláveis — lâmpadas, pilhas e baterias, entre outros — também integram a linha de trabalho da Ambiental. No último ano, 30 mil toneladas de produtos passaram pelo trabalho de gestão de resíduos, que passa pela identificação do material, transferência para recicladoras específicas e armazenamento adequado.
Tudo que é coletado e tratado nas 23 unidades de todo o Brasil tem como destinação final a matriz da JBS em Lins, interior de São Paulo. É lá que os resíduos são transformados em resinas e demais produtos plásticos. “Com isso, conseguimos aplicar o conceito de economia circular, gerando valor e transformando os resíduos que antes seriam descartados e enviados para o meio ambiente”, conta a diretora.
Para Taves, o modelo de circularidade deve auxiliar o país na busca pela redução do impacto ambiental na economia, sem que a dependência de recursos naturais se torne um problema. “Além de contribuir com o ambiente, a JBS ajuda a mitigar o impacto industrial ao promover a economia circular e produzir novos produtos agindo de maneira circular”, explica.