🔬 estudantes da escola estadual Ângelo Scarabucci foram motivados pelo professor de química, Paulo Roberto de Costa Lemos, e criaram uma alternativa para substituir o plástico comum, feito de combustíveis fósseis.
A inspiração para o produto partiu dos bananais da cidade de Delfinópolis (MG), município que fica a 93 quilômetros de distância. A ideia inicial, no entanto, era utilizar outro alimento muito comum na mesa dos brasileiros, conta Artur"Primeiramente a gente pensou em usar plástico de batata, meio inusitado, mas acabou que não deu certo, não era viável para o produtor. Depois a gente descobriu que tinha como fazer plástico a partir da casca da banana".
🗑O professor Lemos, que também é orientador do projeto, lembra que foi surpreendido com a dedicação dos alunos. Além de uma forma de inspirar novas pesquisas, é um jeito de contribuir com o meio ambiente utilizando um material que iria para o lixo.
"Cria-se nos estudantes uma consciência ecológica de estar sendo buscadas alternativas para melhorar o ambiente e isso desperta nos outros alunos uma vontade de participar dessa luta contra o desperdício".
Estudantes da rede pública de Franca desenvolvem plástico biodegradável a partir da casca de banana — Foto: Reprodução/EPT
Eco Banana
🍌 O plástico foi chamado pelos alunos de 'Eco Banana' e, na sua composição, outros produtos comuns são utilizados. Além da banana, a mistura do protótipo leva amido de milho, fécula de mandioca, glicerina e vinagre.
O aluno conta que cada produto tem um papel importante na composição do plástico. A banana é a fibra do bioplástico, a glicerina serve para dar elasticidade, o amido e a fécula para dar volume e o vinagre para impedir a proliferação de mofo.
"A gente foi fazendo projetos, tentativa e erro, até acertar as medidas, acertar cada produto e a funcionalidade dele. Foram oito testes até chegar no protótipo", lembra Artur.
O orientador do projeto explica que o plástico demora em média 45 minutos para ficar pronto e precisa de dois dias para descansar e ser utilizado. O produto sustenta entre cinco e oito quilos, deve medir entre um metro e um metro e meio, com custo médio de R$ 6.
O mais importante para Lemos é a sustentabilidade do produto. Enquanto um plástico comum, a base de petróleo, demora 500 anos para se decompor, o plástico a base de banana desaparece em no máximo cinco meses na natureza.
"Com esse plástico novo, que é biodegradável, ele vai eliminar isso, até certo ponto um adubo orgânico para contribuir para o meio ambiente".
Inspiração para o futuro
🎓 O sucesso do projeto impactou também o futuro dos alunos. A experiência no laboratório ofereceu aos estudantes uma prévia do caminho que eles podem seguir num futuro não tão distante, já que estão finalizando o ensino médio, conta Silva.
"Esse projeto me deu mais ou menos um guia de qual área eu quero seguir, mais para a área de pesquisa, desenvolvimento de projetos, pode ser tanto na área de tecnologia, área de exatas ou para a área de biológicas".
O mesmo aconteceu com Miguel, que pensava em prestar o vestibular para o curso de fisioterapia. Ele só não esperava que o projeto iria mudar também seus planos profissionais.
"Depois que comecei a fazer o projeto, eu falei: ‘cara, eu gosto de estar no laboratório, eu gosto de pesquisar’. Eu sempre gostei da parte de estudo, por exemplo, da química, só que aí quando vai para o laboratório, as coisas mudam, aí é a minha paixão mesmo".
A ideia dos estudantes é dar continuidade ao projeto 'Eco Banana' e conseguir aplicá-lo no mercado. Eles acreditam que o plástico biodegradável tem espaço para competir com o plástico comum.
O objetivo é apresentar o produto para empresas do segmento, conseguir investimento e melhorar o protótipo.
"Se elas [empresas] quiserem investir, a gente está aberto. A gente quer melhorar ele, conseguir aplicar ele no mercado para competir com o plástico de polietileno", diz Miguel.
https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2024/09/15/alunos-de-escola-publica-em-franca-sp-desenvolvem-plastico-biodegradavel-a-partir-da-casca-de-banana.ghtml