No Brasil, apenas 4% do lixo gerado é reciclado, e cerca de 31,9% dos municípios ainda utilizam lixões como destino final dos resíduos, segundo um estudo da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).
Esse cenário reflete as dificuldades do país na gestão de resíduos sólidos, agravadas pela falta de infraestrutura e fiscalização eficaz. No entanto, novas políticas públicas e atualizações legislativas, como a ampliação da logística reversa e o rastreamento de resíduos , indicam um futuro mais sustentável, com expectativas de avanços significativos até 2025.
Nos últimos anos, o cenário tem se transformado positivamente, principalmente com o avanço das legislações que tratam da gestão de resíduos e da logística reversa. Eduardo Azevedo, COO da Minha Coleta, comenta as perspectivas para 2025, destacando a evolução das normativas federais e estaduais. Segundo ele, o Brasil tem experimentado um aumento nas atualizações legislativas, com ênfase no sistema de rastreamento de resíduos — um passo fundamental para garantir que os materiais destinados à reciclagem realmente sejam processados de maneira correta e eficiente.
Além das mudanças no setor público, o mercado financeiro também está se tornando um agente importante nesse processo de transformação. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reguladora da Bolsa de Valores Brasileira, tem ampliado suas exigências no que diz respeito à sustentabilidade e ao impacto ambiental das empresas. As companhias que emitem títulos verdes agora precisam apresentar relatórios mais detalhados sobre suas práticas ambientais, incluindo a gestão de resíduos.
“A CVM tem crescido em relação à fiscalização do ISD (Investimento Social e Sustentabilidade)”, explicou Azevedo. “Agora, todas as empresas que captam recursos por meio de títulos verdes terão que estruturar relatórios detalhados sobre sua gestão ambiental. Isso representa um movimento importante no sentido de aumentar a transparência e reduzir práticas como o greenwashing.”
O COO acredita que essa tendência se aprofundará até 2026, quando as empresas terão que melhorar significativamente seus relatórios ambientais. Azevedo também destacou a importância das regulamentações internacionais, como as implementadas pela União Europeia, que visam a redução do greenwashing e a melhoria da qualidade das informações ambientais fornecidas pelas empresas.
Para 2025, as expectativas são de que a tecnologia continue a ser uma aliada crucial na gestão de resíduos. A utilização de plataformas de rastreamento e de novas tecnologias para monitoramento e descarte de materiais deve acelerar o processo de transição para uma economia circular no Brasil.
O Brasil vive um momento de transição na gestão de resíduos, com avanços nas legislações, novos sistemas de rastreamento e uma maior cobrança por parte do mercado e do setor público. Porém, ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de infraestrutura em muitas cidades e a implementação eficaz das leis. A tendência é que, nos próximos anos, a fiscalização se intensifique e que a tecnologia desempenhe um papel ainda mais relevante na melhoria do sistema de coleta seletiva e reciclagem.